Do Open Banking ao Open Finance: o que é e quais impactos no mercado
A autonomia dos clientes está sendo encarada como um trunfo importantíssimo, que será disputado com unhas e dentes pelo sistema financeiro como um todo.
Nas conversas, redes sociais, portais de notícias da internet, no noticiário da TV. O assunto é unânime. Todos falam de Open Banking. E quando a gente acha que o assunto se encerra por aí, surge outro termo: Open Finance.
Curiosos e apreensivos, os clientes e todo mercado financeiro está diante de uma série de avanços tecnológicos que vêm para transformar nosso cotidiano.
Mas, afinal, o que é Open Banking? E Open Finance? Como funcionam? O que muda, de fato? Vamos responder todas essas perguntas.
Spoiler: Na era do Open, não é só o sistema financeiro que se abre, mas também um mar de oportunidades.
Continue lendo para entender o funcionamento de um sistema financeiro aberto e quais serão seus impactos nos serviços!
O sistema que pode mudar a indústria financeira
O Open Banking chegou prometendo um novo paradigma para o setor bancário. Foi em 2020 que o Conselho Monetário Nacional e o Banco Central criaram diretrizes para reger o compartilhamento de dados dos usuários e serviços bancários entre instituições financeiras no país.
A sua implementação foi dividida em 4 fases, gradualmente. Após as fases iniciais, o Banco Central focará na etapa batizada de Open Finance, que deve liberar o compartilhamento aberto ao público de informações sobre as características de produtos de investimentos, seguros, câmbio, entre outros, ofertados e distribuídos no mercado.
A abertura do sistema bancário no país começou com a chegada do Pix no Brasil, além da autorização para que empresas que não são bancos operem no ramo de pagamentos, como é o caso do Facebook Pay.
Os desafios dos bancos com a Transformação Digital
Antes de mergulhar no conceito de Open Banking e explicar seus benefícios, vamos revisitar os desafios que as instituições financeiras têm enfrentado com relação à Transformação Digital no setor.
No final da década passada, as fintechs — startups que fornecem serviços financeiros utilizando softwares e novos recursos tecnológicos — impressionaram o mercado com sua eficiência e competitividade.
Essas empresas perceberam rapidamente que os serviços eram mais aderentes quando integrados ao contexto dos usuários, predominantemente digital e pautado na conveniência. Isso criou um movimento totalmente novo no mercado, como:
- Soluções centradas no usuário (user-centric);
- Big Data e Inteligência Artificial para otimizar a experiência do consumidor
- Preencher lacunas que não estavam no radar das instituições financeiras tradicionais.
Além disso, as Big Techs, gigantes do ramo de tecnologia, também entraram com força no mercado, lançando soluções próprias, principalmente no segmento de pagamentos digitais.
A competitividade alta teve seu lado bom: acelerou o ritmo da transformação digital no sistema financeiro como um todo. Agora, todos estão direcionando esforços na adaptação de suas ofertas ao digital, promovendo inovação, diferenciação e melhoria na experiência do cliente.
O que é Open Banking?
Open Banking ou banco aberto é um sistema que possibilita a padronização do compartilhamento de dados entre clientes e diferentes instituições financeiras.
O protagonista do novo sistema é o usuário. Isso quer dizer que as instituições financeiras não detém mais a exclusividade dos dados dos clientes. O consumidor agora dono de seus próprios dados e decide quando, com quem e para quais finalidades deseja compartilhá-los.
Essa iniciativa foi desenvolvida pelo Banco Central em quatro fases com objetivos claros: promover inovação no sistema financeiro, estimular a concorrência e melhorar a oferta de produtos e serviços.
O Open Banking determina que as instituições participantes disponibilizem aos seus clientes uma forma eficiente e segura de compartilhar seus dados, se eles assim desejarem e autorizarem.
Fases do Open Banking
- Fase 1 – Compartilhamento padronizado de dados, serviços e produtos oferecidos entre as próprias instituições financeiras.
- Fase 2 – Compartilhamento de dados cadastrais dos clientes, informações sobre transações em suas contas, cartão de crédito e produtos de crédito contratados em instituições financeiras.
- Fase 3 – Surge a possibilidade de compartilhamento dos serviços de iniciação de transações de pagamento e de encaminhamento de proposta de operação de crédito.
- Fase 4 – Será possível o compartilhamento de outros dados de produtos e serviços, como informações relacionadas a operações de câmbio, investimentos, seguros e previdência.
→ Conheça as tendências relacionadas ao mercado financeiro no Report MJV Trends 2022.
API aberta: o coração do Open
Application programming interface ou API é o recurso que permite às instituições compartilhar informações no ecossistema do Open Banking de maneira padronizada.
Pense em um sistema que possui áreas compartilhadas para interagir com outros sistemas. Essa é a API.
Vale dizer que a API não foi criada para o Open Banking. É um elemento universal de tecnologia amplamente usado hoje na integração de sistemas em diversos âmbitos.
Empresas de tecnologia são famosas por terem APIs abertas. Com a API do Google Maps, o serviço de mapas do Google, qualquer um consegue construir um site com um mapa integrado a ele. Até o Uber, um sistema diferente, utiliza o Google Maps como parte da sua solução de serviço.
Open Banking agora é Open Finance
A evolução do sistema aberto vai muito além dos bancos. Em maio de 2021, o Banco Central anunciou que o atual modelo de negócio do Open Banking deve ser substituído pelo Open Finance – que nada mais é do que uma expansão do modelo original.
Open Finance faz parte do mesmo sistema do Open Banking, mas abrange também outras empresas do setor financeiro dentro desse ecossistema.
Também poderão usufruir da possibilidade do compartilhamento de dados de seus clientes, os seguintes seguimentos:
- Instituições como plataformas de investimento;
- Corretoras de seguros;
- Fundos de pensão e previdência;
- Outras.
Pra quê mudar de Open Banking para Open Finance?
O objetivo do Open Finance continua sendo permitir um sistema bancário mais aberto, em que o cliente consiga pegar todas as suas informações e levá-las para onde quiser, sem ter que começar do zero com uma nova instituição.
A diferença é que antes essa conversa só seria possível entre bancos e instituições financeiras. Com o Open Finance, os clientes poderão levar seu histórico financeiro para uma corretora de seguros, um fundo de previdência e uma série de outras instituições para conseguir condições melhores.
Vantagens da Era Open
A corrida agora será pela atenção do consumidor. A largada já foi dada pelas empresas do setor. Isso porque, mesmo tendo conta na instituição financeira, nada garante que o cliente vá consumir e utilizar os serviços e produtos dela.
O banco ou a fintech que oferecer a melhor experiência em serviços financeiros tende a conquistar mais clientes.
Isso significa que os bancos tradicionais, que hoje possuem uma gama grande de produtos, precisarão investir mais na experiência do cliente. Enquanto as fintechs, voltadas totalmente para oferecer uma melhor experiência, precisarão aumentar o portfólio de produtos e serviços.
É para incentivar esse equilíbrio entre os participantes do sistema financeiro que o Open Finance surge.
Experiência do cliente
Sim, uma série de possibilidades surgirão a partir da implementação do Open Banking. A experiência do cliente será um farol importante nesse mar de oportunidades de serviços e produtos que virão. Nada a braçadas quem conhece os clientes, o que precisam e como oferecer as melhores soluções.
Usabilidade
Como o cliente terá muito mais opções disponíveis para migrar, as instituições devem investir em soluções simples, intuitivas e na boa usabilidade das plataformas para atrair mais público. Simplicidade e agilidade nas transações é o caminho.
Personalização
Quanto mais um banco sabe sobre seu cliente, mais a instituição pode auxiliá-lo de forma personalizada.
Inovação
Inovação é a arte de conhecer, pesquisar, articular e propor soluções eficientes. Ela permitirá que as instituições evoluam com as soluções que já trabalham e também estimulem a criação de serviços ainda melhores.
Benefícios do Open Finance
Para o consumidor:
- Portabilidade de relacionamento entre instituições;
- Autonomia de dados para o usuário;
- Maior transparência nos processos;
- Produtos financeiros com melhores benefícios
Para as empresas:
- Novas soluções para o sistema financeiro
- Aumento dos negócios para as instituições financeiras
- Rapidez e facilidade nos processos e transações financeiras
7 razões para investir em uma estratégia Open Banking
Confira, a seguir, quais são as sete vantagens que uma estratégia de Open Banking pode oferecer ao seu banco — ou: por que vale tanto a pena investir nessa tendência.
- Monetização de serviços: incremento significativo na rentabilidade, a partir de uma melhor utilização dos dados para conhecer e atender clientes com mais eficiência;
- Redução de custos: melhor uso da tecnologia para diminuir gastos tanto para a instituição bancária quanto para clientes e parceiros;
- Melhoria na experiência do cliente: diferenciação da concorrência dentro do setor e entre fintechs e big techs, a partir da satisfação do consumidor;
- Novos produtos e serviços: cultura de disrupção para a geração de produtos e serviços mais lucrativos e que atendam as necessidades do público alvo;
- Otimização de desenvolvimento e pesquisa de soluções: por meio de estratégias de dados, é possível tornar pesquisa e desenvolvimento mais eficientes, rápidos e baratos;
- Aceleração da transformação digital: ao firmar parcerias com startups e empresas de TI para a estratégia, por exemplo, é possível transpassar os obstáculos para a transformação digital;
- Ganho de valor: além da percepção dos clientes e de outros públicos de interesse, os bancos que atuam com inovação aberta elevam seu valor geral de mercado.
Como fazer parte da vanguarda do sistema financeiro?
É hora de repensar o setor bancário em relação a novos modelos abertos, inteligentes e baseados em plataforma.
Bancos e instituições financeiras estão sentados em uma mina de ouro de dados que podem fornecer informações poderosas para potencializar diferentes funções bancárias e criar novas oportunidades de receita.
É momento também de entregar aos consumidores opções e ofertas mais competitivas dentro de um mercado em franco crescimento com a chegada de novas empresas. Do contrário, os bancos, como conhecemos hoje, deixarão de existir.
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