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Coronavírus: uma crise global pode ser o fim dos escritórios?

Planos de gerenciamento de crise das empresas estão impulsionando o trabalho remoto


Quer você acredite que a COVID-19 é uma emergência ou não, o fato é que estamos enfrentando uma crise global. São situações que variam de bloqueios policiais à estocagem de alimentos — e está culminando no fechamento das fronteiras de grande parte dos países na tentativa de conter a pandemia.

O vírus, originado em Wuhan, na China, tem um impacto inquestionável em nossas vidas. E não só das perspectivas de saúde e segurança. A infecção também tem efeitos na vida profissional e na evolução dos negócios.

Recentemente as ações da Peloton, uma empresa de streaming de exercícios, registraram alta: O motivo? pessoas deixaram de ir à academia para evitar uma possível infecção. Pelo mesmo motivo, grandes eventos foram adiados em todo o mundo e empresas estão incentivando ativamente o trabalho remoto e limitando/proibindo as viagens.

Bom, se você já pegou um voo de 6 horas para participar de uma reunião de 45 minutos, vai concordar que atividades remotas poderiam ser consenso há mais tempo. Não por causa do coronavírus, mas porque temos tecnologia suficiente para isso.

É evidente que há benefícios em discutir negócios, mas muitas operações podem ser mais ágeis e baratas à distância. Além disso, nos poupa de ter que lidar com a política diária dos escritórios.

Os benefícios de flexibilizar o trabalho são muitos, tanto para empregadores quanto para funcionários — não é de se admirar que a prática tenha crescido mais de 170% desde 2005. Mas ainda precisamos dominar o trabalho remoto e colaborativo.

Você já lutou contra a sensação de isolamento do home office? Bem-vindo ao clube

De acordo com uma pesquisa, isolamento e colaboração são 2 dos principais desafios quando se trata de trabalho remoto. Apesar da tecnologia disponível, a tendência é enxergarmos a distância física como uma barreira para construir relacionamento. 

As mídias sociais, por exemplo, foram demonizadas no passado por promover “interações superficiais” em detrimento de vínculos mais profundos. Mas será que estávamos mais próximos disso antes do Facebook? Nós realmente teríamos grandes conversas com nossos amigos todos os dias não fosse a tecnologia?

O argumento principal aqui é que o problema talvez não seja o isolamento em si, mas como lidamos com o fato de estarmos separados um do outro. E de todo mundo.

Os seres humanos são criaturas de hábitos. Nossa rotina diária estrutura nossas ações e nos faz sentir seguros, sem mencionar que deixa nosso cérebro trabalhar um pouco no piloto automático.

Quando algo nos impede de seguir nossa rotina (viagens, emergências, imprevistos), ficamos mais sobrecarregados. Não é diferente quando começamos a trabalhar de casa.

Um dia de trabalho comum pode ser algo como: acordar, vestir-se, tomar café da manhã, viajar, conversar com colegas de trabalho, participar de reuniões, voltar para casa. 

Agora você está livre, define suas próprias regras sobre horário, local e código de vestuário. Seu dia é uma tela em branco. Parece um sonho, certo? Você não precisa se preocupar com o ônibus atrasado ou ter que socializar na hora do café.

Parece um sonho, certo? Talvez por alguns dias, mas certamente não em longo prazo.

Vamos voltar à parte sobre os seres humanos serem criaturas de hábitos. A maioria de nós realmente precisa seguir regras para operar bem. Gostamos que o mundo seja, pelo menos parcialmente, previsível.

Precisamos de ordem e limites — mesmo que apenas para tentar desafiar a ordem e os limites. Nessa perspectiva, uma tela em branco é a coisa mais assustadora que se poderia ter. Você está perdido, distraído, flutuando ao vento.

A pergunta real não é “podemos trabalhar bem remotamente?”— e sim “quando descobrimos como trabalhar bem remotamente, precisaremos de um escritório?”.

A inovação ama uma crise 

De uma coisa nós sabemos: escassez é a fonte primária de inovação. Ao recomendar que pessoas fiquem em suas casas para tentar controlar a contaminação pela vírus, estamos criando compulsoriamente novas rotinas de trabalho e testando toda sorte de plataformas digitais para permanecer conectados.

As circunstâncias criaram uma rede global de protótipos voluntários de trabalho remoto. Então por que não tirar o máximo disso? 

Há pessoas pesquisando formas de comunicar-se de maneira mais pessoal, independente da distância. Quando as mensagens instantâneas tornaram-se populares, incorporamos emojis em nosso “vocabulário” para colocar alguma emoção nas mensagens sem precisar ouvir a voz de alguém.

Agora, com as ascensão de vídeo e voz, quais serão as ferramentas para criar conexões mais próximas?

Essa semana, a MJV está realizando um workshop criativo 100% remoto para um grupo de 15 executivos. Além das diferentes culturais e fusos distintos (Reino Unido, Singapura, EUA e Brasil), há desafios técnicos. Se você acha que uma reunião comum pode ser bagunçada, pense numa série de exercícios de brainstorming sobre estratégias de negócios complexas. 

O evento deveria acontecer em Dublin, mas o coronavírus inviabilizou essa ideia. Como não poderíamos adiá-lo, mergulhamos fundo em ferramentas de colaboração remota para fornecermos dinâmicas de grupo que realmente funcionassem.

Depois dessa experiência, com certeza a empresa pensará 2 vezes antes de embarcar 15 pessoas em um avião para realizar um workshop que poderia ter sido feito remotamente. Mas para além disso, queremos começar a usar a realidade virtual para auxiliar todos a sentir-se mais imersos nesse tipo de experiência.

A princípio, as pessoas podem ser céticas sobre usar “aqueles óculos estranhos”, mas quando a curva de adoção aumentar — especialmente quando o Horizon, o mundo VR do Facebook decolar — será tão natural quanto usar filtros do Instagram.

Nós já rodamos projetos usando realidade virtual e realidade aumentada, focadas principalmente em entretenimento e treinamento. Mas imagine o que isso pode significar para apresentações de negócios!

Quanto mais tivermos que lidar com ambientes de trabalho remotos, mais seremos bons nisso: nós vamos tentar, falhar, ter sucesso e aprimorar isso. E quanto mais aprendermos, mais confortáveis ​​nos sentiremos com novas formas de trabalhar.

Ferramentas, regras, etiqueta e rotinas serão aprimoradas para tornar o trabalho remoto mais gerenciável — ousamos dizer até mais divertido — pelo menos até que as coisas voltem ao normal. Se não decidirmos que trabalho remoto será o novo normal.

O que será que o futuro do trabalho nos reserva? Você está pronto para o fim dos escritórios?

 

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