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Aprimorando sistemas de recomendação com filtragem colaborativa

O sistema de recomendações desempenha um papel crucial na personalização da experiência do usuário em vários tipos de plataformas e serviços online.


Os sistemas de recomendações se tornaram essenciais para ajudar os usuários a descobrir serviços de forma personalizada. Neste artigo, exploraremos o funcionamento dos algoritmos de sistemas de recomendação, discutiremos os tipos de filtragem colaborativa e abordaremos os desafios envolvidos na implementação.

Aprenda boas práticas e técnicas avançadas para melhorar a qualidade das recomendações e aumentar a satisfação dos usuários. Examinaremos casos reais de sucesso que impulsionaram estratégias de marketing e melhoraram a experiência do cliente em diversos setores.

O que é filtragem colaborativa?

A filtragem colaborativa é uma abordagem comumente utilizada em sistemas de recomendação para fornecer sugestões personalizadas aos usuários. Ela se baseia na análise das preferências e comportamentos de um usuário em relação às escolhas de outros usuários semelhantes. 

O objetivo é identificar padrões e semelhanças entre os usuários para prever suas preferências e recomendar itens que sejam relevantes para eles. Existem dois tipos principais de filtragem colaborativa:

  • Na filtragem colaborativa baseada em usuário são analisadas as preferências dos usuários para encontrar outros usuários com gostos semelhantes. Se dois usuários tiverem uma alta taxa de concordância em suas escolhas passadas, é provável que tenham interesses semelhantes e com base nessa semelhança, o sistema pode recomendar itens que foram apreciados por outros usuários com gostos parecidos.
  • Na filtragem colaborativa baseada em item o sistema de recomendação analisa as preferências dos usuários para identificar itens que são semelhantes uns aos outros. Se um usuário demonstrou interesse ou gostou de um determinado item, é provável que ele também se interesse por itens semelhantes e com base nessa associação de itens, o sistema pode recomendar outros itens similares que possam ser do interesse do usuário.

Para aprimorar o processo de filtragem colaborativa o sistema de recomendações pode ainda realizar:

  • No processo de personalização individual a filtragem colaborativa permite que os sistemas de recomendação considerem as preferências únicas de cada usuário, analisando os padrões de comportamento de um usuário específico encontrando usuários semelhantes ou itens relacionados para fornecer recomendações personalizadas.
  • Na descoberta de novos itens a filtragem colaborativa descobre  itens que um usuário pode não ter encontrado de outra forma analisando as escolhas de outros usuários com gostos semelhantes, assim o sistema de recomendação pode sugerir itens que estão alinhados com os interesses do usuário, mas que ele ainda não conhecia.
  • Na resolução do problema do “filtro bolha” os usuários podem ficar presos em uma “bolha” de conteúdo, onde são expostos apenas a itens semelhantes aos que já gostaram ou viram, assim a filtragem colaborativa ajuda a superar esse problema, sugerindo itens diferentes com base nas escolhas de outros usuários semelhantes.
  • No preenchimento de lacunas de dados, problema gerado quando há poucos dados disponíveis para um usuário específico. Logo, quando um usuário é novo na plataforma ou tem um histórico de interação limitado, a filtragem colaborativa pode preencher as lacunas usando informações de usuários semelhantes fornecendo recomendações relevantes.
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A importância do sistema de recomendações para a personalização da experiência do usuário

O sistema de recomendações desempenha um papel crucial na personalização da experiência do usuário em vários tipos de plataformas e serviços online, analisando o comportamento e as preferências do usuário, combinando-os com um conjunto de dados mais amplo, para fornecer sugestões relevantes e personalizadas.

O uso de sistema de recomendações é um elemento importante para a personalização da experiência do usuário, contribuindo nos seguintes aspectos:

  • Melhoram a relevância, ajudando a filtrar e apresentar conteúdo relevante para cada usuário com base em suas preferências individuais, de forma que os usuários ficam mais propensos a encontrar o que estão procurando, tornando sua experiência mais valiosa e satisfatória.
  • Aumentam o engajamento ao fornecer recomendações personalizadas, mantendo os usuários envolvidos por mais tempo ao oferecer conteúdo, produtos ou serviços que se alinham com os interesses do usuário, criando um ciclo de engajamento contínuo.
  • Ajudam na descoberta de novos conteúdos, produtos ou serviços que possam ser do seu interesse, apresentando itens relacionados ou sugerindo algo fora da zona de conforto do usuário, ampliando assim suas experiências e horizontes.
  • Contribuem no aumento das vendas e da receita em empresas como e-commerces, sugerindo produtos complementares ou similares aos que um usuário está visualizando ou comprando, possibilitando o aumento das chances de conversão e incentivando compras adicionais.
  • A personalização em tempo real  pode ser feita por um sistema de recomendações, pois este tem a capacidade de aprender e se adaptar continuamente com base no comportamento do usuário, onde as recomendações podem ser atualizadas em tempo real, refletindo as mudanças nas preferências e necessidades do usuário.
  • Contribuem para a fidelização do usuário, pois estes passam a  receber recomendações personalizadas que atendem às suas necessidades e interesses, desenvolvendo uma conexão mais forte com a plataforma ou serviço.

Os sistemas de recomendações são ferramentas valiosas para personalizar a experiência do usuário, melhorando a relevância, o engajamento, a descoberta e a satisfação geral.

Quais os algoritmos de filtragem colaborativa mais utilizados?

Existem vários algoritmos de filtragem colaborativa que são amplamente utilizados em sistemas de recomendação, sendo que a escolha do algoritmo depende do contexto específico, do tamanho do conjunto de dados, dos recursos disponíveis e dos requisitos do sistema de recomendação. 

Além disso, muitas vezes é necessário ajustar e combinar diferentes algoritmos para obter o melhor desempenho em uma determinada aplicação. Considerando estes aspectos, os algoritmos de filtragem colaborativa mais populares são:

  • O algoritmo baseado em vizinhos (Neighbor-based) utiliza a similaridade entre usuários ou itens para fazer recomendações, onde estes algoritmos podem ser divididos em dois subtipos: filtragem colaborativa baseada em usuário (User-based) e filtragem colaborativa baseada em item (Item-based). Em geral, eles procuram usuários ou itens semelhantes, respectivamente, com base em padrões de comportamento e fazem recomendações com base nessa similaridade.
  • O algoritmo de Decomposição em Valores Singulares (Singular Value Decomposition) utiliza uma decomposição de matrizes para identificar padrões ocultos nos dados de preferência do usuário, reduzindo a dimensionalidade dos dados e capturando características importantes, permitindo fazer previsões precisas sobre as preferências dos usuários.
  • O algoritmo de Fatoração de Matriz Não-Negativa (Non-Negative Matrix Factorization) é similar ao Decomposição em Valores Singulares, porém, restringe os que as matrizes resultantes sejam não-negativos, sendo que este algoritmo pode ser útil para casos em que os dados têm natureza não-negativa.
  • O algoritmo de Fatoração de Matriz Tripla (Triadic Matrix Factorization) estende a idéia de decomposição de matrizes para capturar relações triádicas entre usuário, item e contexto, considerando não apenas as preferências do usuário e as características do item, mas também fatores contextuais, como localização geográfica, tempo e informações demográficas.
  • Os autoencoders são redes neurais treinadas para reconstruir a entrada original a partir de uma representação latente comprimida, podendo ser usados em sistemas de recomendação para aprender representações de usuários e itens e, em seguida, gerar recomendações com base nessas representações.
  • O Modelo Latente de Dirichlet Alocação (Latent Dirichlet Allocation), inicialmente desenvolvido para modelagem de tópicos, também pode ser aplicado à filtragem colaborativa, tratando os itens e as preferências dos usuários como distribuições probabilísticas de tópicos, permitindo encontrar relações e fazer recomendações com base nas sobreposições de tópicos.

Como construir os algoritmos de Sistemas de Recomendação?

Para que os Sistemas de Recomendação e a Filtragem Colaborativa sejam eficazes precisamos percorrer alguns passos: 

  • A coleta de dados pode ser feita de várias maneiras, dependendo do contexto, os dados podem ser obtidos por meio de interações dos usuários, como avaliações, classificações, histórico de compras, cliques, visualizações e dados de perfil, informações contextuais (localização geográfica, data e hora, dados demográficos, entre outros). Vale ressaltar que a coleta de dados deve ser feita de forma ética e que esteja em conformidade com as regras de privacidade do usuário.
  • Após a coleta, os dados precisam ser limpos, processados e preparados para uso nos algoritmos de filtragem colaborativa e nos sistemas de recomendação. O tratamento de dados ausentes, remoção de ruídos, normalização de valores e outras transformações necessárias podem ser aplicadas e por fim os dados podem ser estruturados em matrizes de preferências usuário-item, em que as linhas representam usuários, as colunas representam itens e as células contêm as avaliações ou interações.
  • Com os dados preparados, o próximo passo é construir o modelo de filtragem colaborativa, escolhendo o algoritmo apropriado e consequentemente a sua implementação. Dependendo do algoritmo selecionado, pode ser necessário ajustar hiperparâmetros, como a medida de similaridade, o tamanho da vizinhança, a dimensionalidade da decomposição, entre outros fatores que impactam diretamente a qualidade das recomendações geradas.
  • O modelo escolhido para filtragem colaborativa precisa ser treinado com os dados processados, para aprender os padrões e relações existentes entre usuários e itens. O treinamento pode envolver a otimização de parâmetros, como minimização do erro de predição ou maximização de uma medida de similaridade. Considerando o tamanho e a complexidade do conjunto de dados podem ser necessárias técnicas de processamento distribuído ou em lote.
  • Após o treinamento, é importante avaliar a qualidade do modelo, através de métricas de avaliação, como precisão, revocação, F1-score, erro médio absoluto ou erro médio quadrático. A avaliação ajuda a entender o desempenho do modelo e a identificar possíveis melhorias ou ajustes necessários.
  • Por fim, a geração de recomendações personalizadas é feita uma vez que o modelo esteja treinado e avaliado, com base nas preferências e comportamentos do usuário, o modelo calcula a similaridade entre novos usuários ou itens e faz previsões sobre itens que o usuário possa gostar.

Leia também: O que é Data-Driven Design e como implementá-lo em estratégias

Quais são os desafios na implementação de algoritmos de Filtragem Colaborativa em Sistemas de Recomendação?

A implementação de algoritmos de Filtragem Colaborativa e Sistemas de Recomendação enfrentam dois tipos de desafios principais, sendo eles ligados a questões computacionais e outro a dados. De forma geral podemos descrever esses desafios como:

  • À medida que o tamanho do conjunto de dados aumenta, a escalabilidade e a eficiência computacional se tornam desafios, pois a matriz de preferências usuário-item pode crescer rapidamente, exigindo recursos computacionais significativos para processamento e armazenamento. Uma alternativa para lidar com grandes conjuntos de dados é a utilização de processamento paralelo, distribuído ou em lote.
  • A esparsidade dos dados é um desafio comum nos Sistemas de Recomendação, pois os usuários geralmente interagem com apenas uma pequena fração dos itens disponíveis, resultando em matrizes de preferências com muitos elementos nulos. A falta de dados pode levar a dificuldades na identificação de padrões e similaridades entre usuários ou itens, afetando a qualidade das recomendações. É necessário lidar com a esparsidade de dados por meio de técnicas de preenchimento de lacunas ou algoritmos que lidam bem com dados esparsos.
  • Quando novos usuários ou itens são adicionados ao sistema de recomendação, há um problema de cold-start, pois para novos usuários não há histórico de preferências disponíveis para fazer recomendações personalizadas. Similarmente, para novos itens, não há dados de interação suficientes para avaliar sua relevância. Uma alternativa ao problema de cold-start é fazer recomendações baseadas em conteúdo ou recomendações populares para os novos usuários.
  • As preferências dos usuários e a popularidade dos itens podem mudar com o tempo, por outro lado, os algoritmos de filtragem colaborativa geralmente assumem que as preferências são estáveis, o que pode não ser verdadeiro. É necessário lidar com a mudança temporal e a dinamicidade dos dados, atualizando regularmente os modelos de recomendação e adaptando-os às mudanças nas preferências dos usuários e nas características dos itens.
  • Os algoritmos de filtragem colaborativa podem ser afetados por viés,  o que resulta em recomendações tendenciosas ou presas em uma bolha de filtragem, ocorrendo quando, por exemplo, há agrupamentos de usuários com comportamentos semelhantes, o que leva a recomendações limitadas e falta de diversidade.
  • A coleta e utilização de dados para Filtragem Colaborativa e Sistemas de Recomendação faz uso de dados pessoais, logo é necessário garantir a anonimização e proteção dos dados do usuário, bem como a conformidade com regras de privacidade e a prevenção de ataques maliciosos.

Como aprimorar um Sistema de Recomendação?

Existem várias estratégias que podem ser usadas para melhorar o processo de Filtragem Colaborativa e Sistemas de Recomendação. Essas estratégias englobam o uso de diferentes modelos de aprendizagem, bem como diferentes fontes de dados. Algumas dessas estratégias são:

  • O uso de redes neurais profundas, como redes neurais convolucionais ou redes neurais recorrentes para capturar padrões complexos e aprender representações latentes dos dados de preferência do usuário, melhorando a precisão e a capacidade de capturar características sutis dos usuários e itens.
  • A incorporação de características latentes que mapeiam usuários e itens para um espaço de baixa dimensionalidade, onde características relevantes são capturadas, através do uso de fatoração de matriz e/ou autoencoders para aprender representações densas e contínuas de usuários e itens. Essas representações latentes podem ajudar a lidar com a esparsidade dos dados, melhorando a similaridade e a capacidade de generalização, e fornecendo recomendações mais precisas.
  • As abordagens híbridas combinam múltiplos métodos de recomendação para aproveitar suas vantagens individuais, como por exemplo, a combinação de filtragem colaborativa com filtragem baseada em conteúdo, que ajuda a superar as limitações de cada método individual e fornecer recomendações mais precisas e diversificadas.
  • A inclusão de informações contextuais, como localização geográfica, data e hora, ou dados demográficos, pode enriquecer o processo de recomendação, personalizando as recomendações com base na situação atual do usuário. Para isso, recorre-se a utilização de algoritmos que levam em consideração o contexto, como modelos de fatoração de matriz triádica ou modelos de filtro adaptativo.
  • À medida que os sistemas de recomendação se tornam mais complexos, a explicabilidade se torna um fator importante. Ao utilizarmos técnicas como interpretabilidade de modelos, geração de explicações e métodos de atenção podemos fornecer justificativas e explicações sobre as recomendações geradas, ajudando os usuários a entenderem o motivo por trás das sugestões e construir confiança no sistema.
  • A utilização de feedback explícito e implícito, além dos dados de interação explícita (avaliações e classificações), como cliques, compras, tempo de visualização, entre outros, de forma que com essas informações possamos inferir as preferências do usuário e melhorar a precisão das recomendações.

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Casos reais de uso de filtragem colaborativa para sistemas de recomendação

Várias empresas têm alavancado suas vendas e angariado clientes através do uso de  Sistemas de Recomendação com a aplicação da Filtragem Colaborativa. Muitas delas estão presentes no nosso dia-a-dia e nós clientes somos expostos aos Sistemas de Recomendação, fazendo uso destes e colaborando para geração de dados e aperfeiçoamento destes algoritmos. Por exemplo:

  • A Netflix é conhecida por seu robusto sistema de recomendação baseado em filtragem colaborativa, através de algoritmos que analisam as preferências de visualização de milhões de usuários para gerar recomendações personalizadas,  sugerindo filmes e séries, aumentando o engajamento dos usuários e melhorando a experiência do cliente.
  • A Amazon é uma das pioneiras no uso da filtragem colaborativa em seu sistema de recomendação, feito com base nas compras, visualizações e avaliações dos usuários, a Amazon gera recomendações personalizadas de produtos, entendendo as preferências individuais e oferecendo recomendações relevantes, o que aumenta as vendas e a satisfação do cliente.
  • O Spotify utiliza técnicas de filtragem colaborativa para oferecer recomendações musicais personalizadas aos seus usuários com base nos dados de streaming, playlists criadas pelos usuários e interações sociais, sugerindo músicas, artistas e playlists que sejam do interesse dos usuários, contribuindo para melhorar a descoberta musical e aumentar o tempo de reprodução dos usuários na plataforma.
  • O YouTube utiliza a filtragem colaborativa para recomendar vídeos aos usuários com base no histórico de visualizações, nas interações dos usuários e nas preferências semelhantes de outros usuários, gerando recomendações personalizadas na página inicial e na seção “Próximo vídeo” para melhorar a descoberta de conteúdo relevante.
  • O Airbnb emprega a filtragem colaborativa para recomendar acomodações aos usuários com base nas preferências, pesquisas anteriores, avaliações e informações de perfil dos usuários, sugerindo opções de hospedagem personalizadas, aumentando as chances de os usuários encontrarem acomodações que atendam às suas preferências.

Como o MJV Lens pode ajudar a sua empresa a utilizar Sistemas de Recomendação?

MJV Lens possui uma ampla experiência em projetos que envolvem dados e somos líder na implementação da cultura Data Driven nas empresas. Além disso, nossas expertises podem ser utilizadas em serviços nos quais possibilitamos que as empresas compreendam bem quem são os seus clientes e compreendam suas reais necessidades e dificuldades.

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