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Economia regenerativa: o que é, princípios e como desenvolver o modelo

Será que diminuir as ações negativas do ser humano no ecossistema é suficiente para evitar uma catástrofe ambiental? Para a economia regenerativa, só isso não basta, é preciso ir além! Entenda o porquê!


Muito tem se falado sobre medidas que possam reduzir a degradação ambiental do nosso planeta. Mas será que apenas diminuir o impacto do ser humano no ecossistema é suficiente para evitar uma catástrofe ambiental? A economia regenerativa nos diz que não.

Este é um conceito que vem ganhando força nos últimos anos e que traz um alerta: diminuir nossas ações sobre o meio ambiente não será eficaz. 

Precisamos de muito mais que isso: a ideia é, de fato, regenerar e repor tudo o que for retirado da natureza.

Se você quer conhecer um pouco mais sobre o termo, práticas de sustentabilidade e entender como a sua empresa pode contribuir de forma responsável com o modelo, fique conosco até o final do texto!  

O que é economia regenerativa?

A economia regenerativa é um modelo econômico que tem como objetivo criar sistemas sustentáveis, regenerativos e resilientes, em que os recursos são utilizados de forma eficiente e renovável.

Na prática, propõe precificar recursos que, hoje, não são valorados, como a luz solar, a água potável do planeta ou até mesmo um grupo de voluntários com ações educativas na comunidade.

A ideia, aqui, é que esses elementos tenham o reconhecimento de seus valores dentro da cadeia produtiva. Uma vez que funcionam como pilares para as demais atividades econômicas – não há agronomia, por exemplo, sem a luz solar disponível.

Inclusive, um estudo realizado por pesquisadores em 2019 afirmou que “uma economia saudável deveria canalizar seus recursos para processos autoalimentados, autorrenováveis e autossustentáveis”.

Uma vez que o custo dos recursos socioambientais é contabilizado, torna-se possível controlar o acesso de todos a eles.

E como consequência, evitar que os bens naturais e a própria sociedade tenham que lidar com a escassez.

O modus operandi seria calcular o valor para que se entenda a importância desses recursos no sistema produtivo da humanidade. 

E assim, incentivar que o ser humano reponha e regenere aquilo que usufruiu.

Leia também: Bioeconomia: como a biodiversidade, tecnologia e inovação podem gerar oportunidades para as empresas.

Princípios da economia regenerativa

O estudo citado anteriormente, chamado de “Medindo a economia regenerativa: 10 princípios e medidas que sustentam a saúde econômica sistêmica” estabelece quatro pilares e 10 princípios para o desenvolvimento da economia regenerativa.

São eles:

1. Circulação

O primeiro pilar é o da “circulação”. Nele, ressalta-se a importância de manter um bom fluxo econômico. 

As ideias, o capital e outros recursos precisam circular eficientemente para que haja oferta e demanda.

Dentro deste pilar, os pesquisadores enquadram quatro dos 10 princípios da economia regenerativa:

  1. Controle da circulação do dinheiro, informação, energia e demais recursos;
  2. Reinvestimento;
  3. Obtenção de recursos limpos;
  4. Entrega de produtos/serviços/resultados limpos.

2. Estrutura Organizacional

Neste modelo, o olhar está voltado para a comunidade. As empresas, então, precisam trabalhar em conjunto, dividindo e compartilhando os recursos naturais em prol da sociedade como um todo.

Esse posicionamento fortalece a regeneração da matéria prima por parte das organizações e contribui para o não desgaste do meio ambiente.

Sendo assim, para este pilar, são designados mais três princípios:

  1. Integração entre as empresas, independentemente do porte;
  2. Estímulo à diversidade;
  3. Resiliência e eficiência.

3. Relacionamentos e valores

Neste terceiro pilar, o conceito válido é o de que somos mais produtivos e eficientes quando trabalhamos em cooperação ao invés de sozinhos.

Nossos relacionamentos e a conexão que criamos quando dividimos valores tornam a rede de economia mais sólida.

Os princípios, neste caso, são dois:

  1. Promoção de relacionamentos que beneficiem ambos os lados e que cultivem valores em comum;
  2. Promoção de atividades construtivas/evitar processos extrativistas. 

4. Aprendizagem coletiva

Por fim, temos o pilar “aprendizagem coletiva”. Como o próprio nome sugere, ele propõe que os seres humanos troquem conhecimento e colaborem uns com os outros.

Essa estratégia permite que a economia regenerativa ganhe longevidade.

Neste pilar, encaixa-se o princípio número 10:

  1. Aprendizagem eficaz, adaptativa e coletiva.

Economia tradicional x regenerativa

Se você chegou a este ponto da leitura já deve estar começando a entender as principais diferenças entre a economia tradicional e a regenerativa, certo?

No modelo tradicional, o foco é o mercado. Neste padrão, os recursos naturais e sociais são utilizados até a sua escassez a fim de satisfazer um objetivo individual que, geralmente, é o aumento de capital.

Já na economia regenerativa, os recursos são vistos com mais responsabilidade. Há a valorização da natureza e da matéria prima original (Sol e Terra) e entende-se a importância de estagnar a exploração, mas também de repor à natureza o que lhe foi tirado.

Abaixo, um pequeno comparativo:

  • Busca do aumento de capital financeiro x entendimento de que há mais formas de capital além do monetário;
  • Exploração indiscriminada x criação de condições reais para a recuperação do ecossistema;
  • Rivalidade entre os homens x Colaboração entre os homens.

Você pode se interessar por: Economia Circular: entenda a urgência desse tema.

Características de negócios regenerativos

Empresas regenerativas pensam nos conceitos de humanidade e natureza, colocando-os como centro de seus processos e como guia das decisões e estratégias de negócio.

Isso impacta no seu posicionamento de marca, no desenvolvimento de produto/serviço, no modo como os processos internos são conduzidos e na maneira como enxergam a palavra “inovação”.

Levam em conta que, para inovar, é preciso combinar critérios econômicos, sociais e ambientais e, assim, ter impacto positivo no ecossistema em que atua e na sociedade.

Vale dizer que a economia regenerativa está se tornando cada vez mais relevante à medida que a pressão sobre os recursos naturais e os impactos das mudanças climáticas aumentam.

Trata-se de uma abordagem que promove a responsabilidade social e ambiental, e pode ajudar a criar um futuro mais sustentável e equitativo para todos.

Como desenvolver o modelo?

Atuar como uma empresa que preza pela economia regenerativa implica em repensar a lógica de produção, consumo, riqueza e bem-estar na sociedade. 

A organização que quiser contribuir precisará desenvolver novos modelos de empreender e gerir.

Abaixo, alguns exemplos de como começar:

  • · Usar materiais biodegradáveis;
  • · Fazer compostagem de resíduos orgânicos;
  • · Suspender testes em animais;
  • · Desenvolver produtos recicláveis; 
  • · Replantar árvores desmatadas.

Adotar ações como essas é dar mais um passo na direção da economia que, além de conservar, também promove a regeneração do ambiente que habitamos.

Disseminá-las, portanto, não é só mais uma opção. E você, está pronto?

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