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UX e UI: entenda as diferenças e a aplicação em projetos

A ascensão do digital redefiniu a maneira como as empresas operam em relação a seus clientes. Agora, palavras como experiência e usabilidade estão se consolidando no vocabulário corporativo — e cada vez mais setores da indústria têm percebido a importância de construir melhores experiências de consumo para seu público.


O retorno desse tipo de ação é evidente. A Amazon, por exemplo, construiu um verdadeiro império sob a ótica das necessidades e satisfação dos clientes. O mesmo fez a Netflix, que ainda evoluiu essa visão e incorporou a experiência do usuário ao núcleo de seus processos de trabalho, gerando vinculação com os clientes.

Com o surgimento de novos modelos de negócios e a aceleração do processo de transformação das empresas, popularizaram-se as chamadas estratégias user-centric, nas quais todos os aspectos do negócio passam a ser estruturados tendo as necessidades dos usuários como peça central.

Nesse movimento, 2 disciplinas que são os grandes motores desta história ascenderam ao posto de motores de mudança e facilitadores desse processo: o UX e o UI.

Mas o que são elas, quais suas diferenças e por que são importantes para a sua organização? Continue lendo e entenda de uma vez por todas quando usar UX e UI nos seus projetos!

O que é o UX Design e como atua?

UX é a abreviação do termo user experience e refere-se à experiência do usuário. O UX Design, ou User Experience Design, é essencialmente sobre como o usuário se sente ao realizar uma determinada tarefa em um contexto físico ou digital.

O que a experiência do usuário faz é reduzir atritos para que o usuário atinja um determinado objetivo da forma mais simplificada possível, gerando um sentimento positivo durante este processo. Para isso, a disciplina considera aspectos como usabilidade, percepção de valor, eficiência na execução de tarefas, entre outras variáveis.

A experiência do usuário, no entanto, vai além de fornecer aos clientes apenas aquilo que os usuários querem. UX é sobre construir a experiência mais fluida durante a jornada de interação do usuário final com produtos e serviços de uma empresa.

UX é uma visão de negócio, uma convicção. Assim, podemos definir a experiência do usuário como a busca pela máxima sinergia em todos os pontos de contato de uma empresa de forma a colaborar para os objetivos do negócio.

UX não é só sobre emoções. É sobre negócios

“UI é sobre razão e UX é sobre emoção”. Se você não esbarrou com essa frase ainda, demos alguma sorte. Porque assim escapamos de um reducionismo muito comum quando falamos sobre experiência do usuário. Tentaremos fazer algo diferente disso aqui.

UX é hoje o pilar central da estratégia digital de todas as empresas que performam bem no contexto digital. Porque user experience é essencialmente sobre entender e antecipar as necessidades do usuário para oferecer soluções de negócios mais aderentes. 

É claro, está provado que uma boa experiência constrói um tipo de “vinculação emocional” entre marca e cliente (aliás, falamos disso neste webinar sobre o setor financeiro). E, em um contexto de negócios em que o custo de aquisição de clientes é 5 a 7 vezes maior do que retê-los, isso faz total diferença.

Entretanto, quem explica UI e UX de maneira simplória, está ignorando todo o trabalho de arquitetura de informação, pesquisa, entrevistas, testes de usabilidade e muito mais. Antes da emoção, vem a estratégia.

O que é o UI Design e como atua?

A sigla UI significa user interface (em português, Interface do Usuário). Portanto, o UI Design, ou User Interface Design, pode ser definido como a disciplina que estuda os meios através dos quais um usuário consegue interagir com uma determinada aplicação, monitor, dispositivo ou software.

O design de interfaces é responsável por guiar as interações dos usuários durante a realização de uma tarefa por meio da comunicação visual em uma interface. Essa dinâmica pode acontecer por meio de botões, menus, controle de voz e até mesmo gestos.

O UI design está relacionado às interações entre a interface e o usuário. Podemos dizer que UI trabalha com as melhores práticas de design de interfaces/telas e usabilidade para tangibilizar a estratégia de UX. É considerado a ponte entre UX e o usuário.

Apesar de lidar com a questão visual em si, o design de interfaces não é essencialmente sobre aparência. É sobre sinalizar ao usuário de forma clara o caminho mais simples para cumprir o objetivo da interação por meio de elementos visuais.

UI está dentro de UX, mas não é menos importante. E nem só sobre telas.

É uma teoria bem aceita de que UI design está dentro do UX design. Em diversas representações Internet afora, é possível ver a experiência do usuário no topo, como um guarda-chuva. Não à toa, muitos profissionais se apresentam como UX/UI designers.

De fato, não há como não relacionar as áreas. Entretanto, apesar do UI ter a função de tangibilizar a estratégia, o design de interfaces têm seus próprios indicadores de performance a atingir, em princípios como harmonia, layout, navegação, sinalização, entre outros elementos. 

É muito mais do que criar telas bonitas (apesar de este também ser um requisito). Portanto, UI afeta diretamente UX. E exige um conjunto de conhecimentos específicos e boas práticas interdisciplinares para cumprir seu objetivo.

UX e UI: quais as diferenças?

UX e UI possuem muitas semelhanças.

Por serem disciplinas oriundas de uma mesma área do conhecimento, consideradas complementares, de fácil integração nos times e utilizadas em conjunto nas estratégias de negócios, há uma confusão que ronda as mentes do público não especializado em termos de experiência, interação e usabilidade.

Afinal, quais são as diferenças entre UX e UI?

Sabemos que discussões sobre usabilidade e experiência podem ficar meio híbridas demais eventualmente — e não é incomum misturarmos as estações. Acontece que user experience e user interface também possuem algumas diferenças importantes.

O blog Web Design Depot tem uma analogia certeira para explicar a diferença entre user experience e user interface:

UI is the saddle, the stirrups, and the reigns.
UX is the feeling you get being able to ride the horse and rope your cattle.


Legenda: em tradução literal, “UI é a sela, os estribos e as rédeas. UX é a sensação que você tem de poder montar o cavalo e laçar seu gado.”

Rapidamente, tentaremos ilustrar essa diferença com exemplos práticos:

User Interface

Tomemos como exemplo um site, ou melhor, uma landing page, que tem como objetivo a conversão. No momento em que alguém entra nesse site, há uma série de ações que essa pessoa precisa fazer, pensadas com base em uma estratégia de negócio.

Para que o usuário chegue no desfecho desejado, é preciso guiá-lo. É nesse contexto mais físico, de interação que entra o UI, projetando e estilizando as interfaces que serão usadas diretamente por esse usuário.

UI trabalha visualmente nesta página, sendo responsável por comandar as ações desse usuário até o objetivo com o menor número de atritos possível. Dessa forma, o UI designer utiliza recursos como contraste de cores, destaques e até espaço em branco para mostrar quais ações são permitidas.

User experience

Podemos definir UX como o quão amigável uma interação será para o usuário e engloba todos os aspectos do processo de desenvolvimento de um produto, por exemplo, desde a arquitetura da informação, usabilidade, até o conteúdo.

Ainda sobre o digital, vamos falar de e-commerce desta vez. Pense no seguinte cenário. Durante o período de home office, você decide organizar um espaço de trabalho em casa e inicia a busca por uma cadeira de computador.

O item que você quer está esgotado na maioria das lojas. Ao encontrá-lo, você vê um índice de satisfação dos clientes menos confiável do que o recomendado. Mesmo assim, segue para a compra e, ao colocar o item no carrinho virtual, observa um preço cerca de 10 vezes maior — e o item repetido 10 vezes.

Ali se depara com a mensagem de que há uma quantidade mínima para comprar. Você entra em contato com a loja. Depois de explicar a situação, o atendente te diz que é possível comprar a unidade e te dá um prazo de 48h para que o problema seja resolvido.

Após o prazo você volta ao site, tenta comprar um item e o preço está diferente – bem maior por ser unitário. Depois de novo contato, você volta novamente ao site e 10 unidades aparecem em seu carrinho ao selecionar uma cadeira.

Após as 3 tentativas frustradas, é bem provável que ao fim dessa jornada você desista de comprar no site e vá para a concorrência. Isso acontece por causa de uma experiência ruim; Mas além da sua insatisfação, a falta de investimento da loja em UX jogou fora uma oportunidade de venda.


Agora que você já entendeu o que são e como se complementam, vamos elencar as principais diferenças entre os 2 conceitos. E para isso, trouxemos um mini-glossário sobre UX e UI, só para garantir que você consiga se localizar quando escutar uma ou outra palavra-chave. Dê uma olhada!

UX Design

  • Arquitetura da informação
  • Pesquisa de usuário (user research) e definição de necessidades
  • Cenários
  • Analytics
  • Design de interação
  • Wireframes e protótipos

UI Design

  • Identidade e guia de estilo (style guide)
  • Cores
  • Design gráfico
  • Layout
  • Tipografia
  • Design visual

Por que devemos usar UI e UX em projetos?

Bem, aqui temos 2 pontos de vista para explorar. A primeira do ponto de vista da integração entre UX e UI. A segunda, do retorno do investimento em UX.

Integração UX e UI

Bem, a verdade é que é bem mais fácil integrar UX e UI do que usá-los separadamente, principalmente no contexto digital, em que é necessário ter uma interface como meio de realizar ações. Além disso, parece improvável que profissionais de UI e UX não conversem. 

UX e UI são abordagens que não competem, pelo contrário, se complementam. É a união das 2 frentes que vai compor a experiência final do usuário. Aliás, essa construção não é um processo linear e exige revisão com frequência. Portanto, não há uma escolha a fazer entre uma e outra. Use ambas!

O ROI da experiência

Em nosso webinar Closing the gap between UX and development, debatemos sobre a importância da sinergia entre profissionais de UX, UI e desenvolvimento.

Há evidências de que inserir práticas de UX no processo de desenvolvimento o quanto antes, como pesquisa e testes de usabilidade, elimina o retrabalho, reduz custos de desenvolvimento e continua gerando economia em longo prazo.

Alguns estudiosos vão além e afirmam que alocar de 15% a 20% do orçamento total de um projeto ao UX, é capaz de garantir melhor ROI, seja esse montante dedicado à etapa de pesquisa ou prototipagem, por exemplo.

Sim, é provável que investir em pesquisa de UX resulte em um custo inicial mais alto. Entretanto, os benefícios de longo prazo podem ser muito maiores. Em nosso blog post sobre o ROI do UX, mostramos que empresas que consideram a experiência do usuário como um dos pilares do negócio performam 228% a mais que a média.


Estamos diante de um novo paradigma: as empresas passaram a enxergar seus clientes como seu ativo mais valioso. Para isso, é preciso nutrir uma busca incessante por conhecer o usuário em profundidade para atender às suas necessidades.

UI e UX fazem parte de uma estratégia de negócios que cresceu muito com a ascensão do digital e os modelos user-centric. O resultado disso é a vinculação emocional (guiado por uma estratégia, bom frisar) entre produto/serviço/marca e cliente por meio da criação de boas experiências.

Isso tem grande importância na forma como os usuários passam a enxergar as empresas, como é o caso do sucesso estrondoso dos bancos digitais e fintechs na última década. O objetivo? Tornar a vida do usuário mais fácil e conveniente — herança do design de produto/serviço. Legado que passa a ser também do UX e UI.

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