A procura por insumos naturais é uma maneira de atender à demanda mundial por fertilizantes orgânicos. Essa mudança de perspectiva quanto à produção acontece em um contexto de sustentabilidade que vai além das plantações — como a agenda ESG, por exemplo. E os bioinsumos se apresentam como a opção mais adequada para os novos objetivos do agronegócio.

Para se ter ideia, os esforços para implementar os bioinsumos aqui no Brasil já estão correspondendo às expectativas: o mercado deve quase triplicar até 2030 e atingir 3,7 bilhões até lá. 

Mas, quando se olha a participação global, a inserção do país ainda é baixa. Entretanto, o potencial do Brasil de mergulhar na bioeconomia é gigante. 

Neste artigo, você vai entender o que são os bioinsumos, seus benefícios e exemplos de uso. 

O que são bioinsumos?

Bioinsumos são produtos ou substâncias de origem biológica utilizados na agricultura para promover o crescimento das plantas, melhorar a saúde do solo e controlar pragas e doenças de forma mais sustentável. 

Esses insumos são produzidos a partir de organismos vivos, como bactérias, fungos, algas, extratos vegetais, entre outros, e têm a finalidade de substituir ou complementar os materiais químicos tradicionalmente utilizados na agricultura.

Exemplos de bioinsumos incluem biofertilizantes, que contêm microrganismos benéficos que ajudam a disponibilizar nutrientes para as plantas, e biopesticidas, que utilizam agentes biológicos para controlar pragas e doenças de forma menos agressiva ao meio ambiente. 

O uso de bioinsumos está se tornando cada vez mais comum na agricultura sustentável, promovendo práticas agrícolas mais ecológicas e responsáveis.

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Quais são os seus benefícios?

Os bioinsumos oferecem várias vantagens, como a redução do impacto ambiental, a diminuição da dependência de produtos químicos sintéticos, e a promoção de práticas agrícolas mais alinhadas à preservação do meio ambiente. 

Além disso, os insumos naturais podem contribuir para a melhoria da qualidade dos produtos agrícolas e, por consequência, da saúde dos consumidores.

Conheça os principais benefícios dos bioinsumos:

Melhoria da saúde do solo

Muitos bioinsumos, como biofertilizantes, contêm microrganismos benéficos que ajudam a melhorar a qualidade do solo, aumentando a fertilidade e a capacidade de retenção de água.

Eficiência no uso de nutrientes

Biofertilizantes e outros bioinsumos podem ajudar as plantas a absorver nutrientes de forma mais eficiente, melhorando a produtividade e reduzindo a necessidade de fertilizantes químicos.

Controle de pragas e doenças

Biopesticidas podem ser usados para controlar pragas e doenças de forma mais seletiva, visando os organismos indesejados sem prejudicar outros organismos benéficos.

Melhoria na qualidade dos produtos agrícolas

Os bioinsumos contribuem para a produção de alimentos de melhor qualidade, com menos resíduos químicos e maior valor nutricional.

Menor custo a longo prazo

Embora os bioinsumos possam inicialmente ser mais caros do que os insumos químicos, eles muitas vezes proporcionam benefícios a longo prazo, como solos mais saudáveis e menor dependência de produtos químicos.

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Quais são os tipos de bionsumos?

Hoje em dia, há diversos tipos de bioinsumos para aplicação no agronegócio, desde biofertilizantes até bioestimulantes. 

Saiba agora quais são os mais utilizados na agricultura sustentável:

Biofertilizantes

Biofertilizantes são produtos que contêm microrganismos benéficos, como bactérias, fungos ou algas, que auxiliam no fornecimento de nutrientes essenciais para as plantas, promovendo o crescimento saudável e a produtividade das culturas. 

Isso porque trazem altas concentrações de nitrogênio e baixa concentração de carbono. Os biofertilizantes, além disso, não apresentam componentes tóxicos e não produzem odor.

Bioestimulantes

São produtos produzidos com base em substâncias naturais, com o objetivo de melhorar o desempenho, a germinação de sementes e o desenvolvimento das raízes das plantas. 

Um ponto importante é que os bioestimulantes não fornecem nutrientes essenciais — como nitrogênio, fósforo e potássio — como os fertilizantes tradicionais, mas, em vez disso, atuam estimulando os processos fisiológicos e metabólicos das plantas.

Inoculantes biológicos

Os inoculantes biológicos são compostos por microrganismos vivos ou suas formas inativas, como esporos. 

Esses microrganismos benéficos são escolhidos por sua capacidade de estabelecer relações simbióticas ou mutualísticas com as plantas, fornecendo benefícios diretos ou indiretos.

Dessa forma, desempenham um papel importante nas lavouras, contribuindo para uma produção agrícola mais eficiente, com menor impacto ambiental. 

Eles são frequentemente usados em conjunto com práticas de rotação de culturas e manejo integrado para melhorar a saúde do solo e a produtividade das culturas.

Agentes biológicos de controle

São organismos vivos responsáveis pelo controle de pragas e outras doenças de forma orgânica. 

Assim, conseguem atuar na função de predadores e inimigos naturais. Podemos dizer que esses agentes controlam o nível das pragas, não permitindo que causem danos à lavoura. 

Bionsumos no Brasil 

O uso de bioinsumos tem crescido no Brasil e no mundo devido ao aumento do interesse por práticas agrícolas mais sustentáveis e à busca por alternativas aos insumos químicos tradicionais.

Prova disso é que, em 2020, foi criado o Programa Nacional de Bioinsumos pelo Ministério da Agricultura.

Essa iniciativa tem como objetivo utilizar a biodiversidade brasileira e ampliar o uso de bioinsumos na agropecuária, além de diminuir a dependência da agricultura nacional de insumos sintéticos. 

O programa tem como objetivo organizar o progresso e a legalização de produtos derivados de fontes biológicas, ao mesmo tempo em que expande a disponibilidade, o acesso e fomenta a adoção e utilização adequada desses produtos.

Em termos de valores, a CropLife Brasil estima que o mercado de bioinsumos brasileiro deverá encerrar a safra 2022/23, com uma arrecadação de R$5,6 bilhões, cerca de 70% a mais na comparação anual.

Isso é reflexo de uma indústria inovadora, que oferece uma alternativa sustentável às plantações: ao mesmo tempo que entregam um controle eficiente de pragas, podem atuar de forma sinérgica com outros produtos químicos, favorecendo o meio ambiente.

Esse ótimo cenário também alavanca as perspectivas futuras para o setor: pesquisas projetam um valor próximo a R$17 bilhões para o mercado nacional até 2030, considerando uma taxa de crescimento anual composta (2022 a 2030) que gira em torno de 23%. 

O que significa que vai desencadear diversos fatores positivos: geração de emprego, geração de tecnologias sustentáveis e promoção da inovação no agronegócio brasileiro, criação de novas cadeias produtivas, e segurança jurídica para o segmento de bioinsumos.

Apesar de a América do Norte ocupar o topo do consumo de biopesticidas, seguida pela América Latina — o Brasil tem um papel importante nessa parte do continente, empatando com a Europa em termos de representatividade no mercado.

Exemplos de uso no agronegócio 

A utilização dos bioinsumos no agronegócio vem ganhando força e escala, atuando em diferentes atividades desse grande setor. 

Na pecuária, por exemplo, desempenha melhor resposta no metabolismo animal; na produção agrícola, fornece nutrientes para a plantação; na aquicultura, restaura os estoques de pescado e mariscos; já nas florestas, colabora no reflorestamento. 

Ao contrário do que você pode pensar, a aplicação de bioinsumos não é de hoje, mas a preocupação em torno da sustentabilidade fez com que os insumos naturais ganhassem destaque. 

No dia a dia, a utilização de bioinsumos contribui para o desenvolvimento de práticas agrícolas mais sustentáveis, uma vez que minimiza os impactos adversos em comparação com os produtos químicos convencionais. 

Estes últimos estão associados à contaminação de corpos d’água, como rios, aquíferos e lagos, além de perturbações ambientais que afetam a fauna e a flora. 

Isso abre portas para a criação de valor acrescido na produção, permitindo a conformidade com certificações de produtos sustentáveis ou orgânicos.

Conclusão 

Os bioinsumos apresentam-se como uma inovação para o setor do agronegócio, proporcionando soluções sustentáveis que equilibram produtividade e respeito ao meio ambiente. 

Por isso, é essencial que agricultores, pesquisadores e stakeholders do agronegócio estejam a par das tendências e inovações que moldarão o setor nos próximos anos. 

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