Compartilhar:

Categorias:

6 min read

O que é agroecologia, suas vantagens e como tem sido aplicada

A agroecologia é uma alternativa de produção que traz uma série de vantagens para o meio ambiente. Confira todos os detalhes no artigo.


Apesar do termo agroecologia estar em alta nos últimos tempos, ele não é uma novidade no âmbito da agricultura.

E sua aplicação é uma alternativa aos moldes convencionais de produção de alimentos, pois sua prática engloba questões sociais, políticas, ambientais e culturais (incluindo aqui a agricultura familiar). 

Vamos explicar a seguir o que é agroecologia, como surgiu o conceito, vantagens para o meio ambiente, como tem sido aplicada no Brasil e onde a inclusão produtiva se encaixa em tudo isso.

Acompanhe! 

O que é agroecologia 

Como falamos acima, a agroecologia é um formato de agricultura que incorpora questões sociais, políticas, culturais, energéticas, ambientais e éticas. Além de misturar saberes científicos e populares. 

É uma proposta de cultivo que pensa em estratégias para a manutenção da biodiversidade de todos os ecossistemas, superando os danos causados pelas monoculturas, uso de transgênicos, agrotóxicos etc. 

O termo é frequentemente confundido com a produção orgânica, mas, dentre outras diferenças, a agroecologia se preocupa diretamente com a inclusão produtiva e com a agricultura familiar.

No caso dos orgânicos, apesar de não fazerem uso de produtos químicos sintéticos, podem ser produzidos em larga escala ou mesmo em monoculturas (como na agricultura convencional).

Para que um sistema de produção seja considerado agroecológico é preciso que, por exemplo, privilegie fontes renováveis de energia, não utilize insumos sintéticos, o sistema precisa prezar pela reciclagem dos nutrientes, as pragas devem ser manejadas ao invés de controladas, deve conservar todos os recursos naturais envolvidos no processo, dentre outros pontos. 

→ Você também pode se interessar por: Bioeconomia: como a biodiversidade, tecnologia e inovação podem gerar oportunidades para as empresas

Como surgiu no Brasil e no mundo 

O conceito surgiu ainda no século XIX, quando a intensificação da agricultura levou parte dos solos da Europa e da América do Norte à exaustão. A solução encontrada para resolver essas questões deu origem à Revolução Verde.

Esse novo modelo de agricultura prometia aumentar exponencialmente a produção de alimentos, mas para isso novos elementos seriam incluídos na produção. Como os adubos sintéticos, sementes transgênicas, agrotóxicos e maquinários (substituindo boa parte do trabalho humano). 

A agroecologia aparece, justamente, para contrapor esse modelo agrícola proposto pela Revolução Verde que contrariava os princípios naturais de cultivo. 

No Brasil, esse movimento ganhou força a partir da década de 1970 com a criação do “Movimento de Agricultura Alternativa”, formado por um grupo de intelectuais em conjunto com profissionais das ciências agrárias. 

Um calendário permanente de mobilizações e atividades foi consolidado desde os anos 2000 no país, e trouxe diversos marcos para a agroecologia no Brasil. Dentre os movimentos, destacamos: a Articulação Nacional de Agroecologia, Associação Brasileira de Agroecologia, Congresso Brasileiro de Agroecologia, dentre tantos outros. 

Vantagens da agroecologia para os ecossistemas

Apesar de todo o contexto histórico por trás do termo, para muitas pessoas ele pode, ainda, não significar muita coisa. No sentido de não conhecerem as reais implicações e benefícios que a agroecologia pode trazer para o meio ambiente e para a vida de todos. 

Justamente para que fique clara a sua importância, listamos abaixo uma série de vantagens da agroecologia para o meio ambiente e para a saúde de forma geral. 

Produção mais sustentável 

O objetivo é manter a terra sempre produtiva, mas nunca explorá-la até seu esgotamento máximo. Todos os elementos naturais são integrados no processo e isso reduz a dependência de insumos externos, além de diminuir os custos dos produtores. 

Menos agrotóxicos e fertilizantes nos produtos

Os fertilizantes artificiais são substituídos por componentes naturais na agroecologia, além disso, os pesticidas estão banidos nesse tipo de produção. Justamente por eliminarem os organismos vivos e afetarem o equilíbrio dos ecossistemas.     

Melhora a qualidade do solo e preserva o meio ambiente

A agroecologia torna o meio ambiente mais resiliente e com mais capacidade para enfrentar os desafios climáticos, isso porque proporciona o equilíbrio ambiental trazendo de volta a estabilidade natural presente em todos os ecossistemas.  

Ausência de transgênicos 

As sementes transgênicas não são usadas na agroecologia por serem consideradas insustentáveis, tendo em vista que incentivam o uso de insumos externos e vão contra os princípios do modelo. 

Segurança alimentar e saúde 

Os alimentos industrializados não garantem a segurança alimentar que nós precisamos. Mas a agroecologia é capaz de proporcionar isso e muito mais. 

De acordo com o Portal Amazônia, mesmo ocupando menos de um quarto das terras usadas para o cultivo no Brasil, a agricultura familiar é a responsável por cerca de 70% de toda a nossa comida. 

Acesse grátis

Quer aprender mais sobre as pautas relacionadas à sustentabilidade? Preencha o formulário abaixo e acesse o ebook “Sustentabilidade no agronegócio”.

hbspt.forms.create({ region: “na1”, portalId: “455690”, formId: “0670cf4c-aaa3-4433-932f-dfb5235f738e” });

Trabalho mais seguro e economia sustentável 

O método de produção presente na agroecologia proporciona mais segurança aos trabalhadores rurais, por não haver o manuseio de substâncias químicas perigosas. 

Além disso, o modelo valoriza e incentiva a agricultura familiar e os pequenos produtores. Ou seja, ao comprar produtos agroecológicos incentivamos e fortalecemos a economia sustentável.

Assim é possível optar por alimentos mais saudáveis, frescos e baratos. E comprando diretamente dos pequenos produtores, garantimos que eles sejam remunerados de maneira adequada. 

→ Conheça também: Modelo C: como essa abordagem pode estruturar negócios de impacto

Os 10 elementos da agroecologia

Em 2015, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), iniciou o desenvolvimento de alguns elementos para nortearem os conceitos da agroecologia. 

Após diversos processos e revisões, chegou-se aos 10 elementos importantes para a implementação da agroecologia que visam encorajar os países a trabalharem com a metodologia. 

Os 10 elementos são:

  1. Diversidade: fundamental para garantir a segurança alimentar e para conservar e proteger os recursos naturais; 
  2. Cocriação e compartilhamento de conhecimento: é extremamente importante misturar os conhecimentos científicos com os saberes populares para que se dê origem a processos participativos; 
  3. Sinergias: ao criar sinergia nos sistemas alimentares melhora-se consideravelmente as funções ecológicas e aumenta a resiliência dos recursos; 
  4. Eficiência: a agroecologia prega o uso de soluções inovadoras para aumentar a produção, mas usando menos recursos externos; 
  5. Reciclagem: reciclar significa economizar recursos ambientais e reduzir os custos da produção; 
  6. Resiliência: aumentar a resiliência do meio ambiente é um dos objetivos da agroecologia, mas é preciso pensar também nas pessoas e comunidades; 
  7. Valores humanos e sociais: só é possível alcançar os sistemas agrícolas sustentáveis melhorando os meios de subsistência e garantindo o bem-estar social; 
  8. Cultura e tradições alimentares: garantir a segurança alimentar e incentivar o fomento das tradições alimentares é primordial na agroecologia;
  9. Governança responsável: a agroecologia requer a aplicação de uma governança responsável para apoiar as transições aos sistemas agrícolas sustentáveis; 
  10. Economia circular e solidária: economias solidárias que conectam produtores e consumidores oferecem soluções inovadoras para proporcionar o desenvolvimento inclusivo e sustentável. 

Inclusão produtiva na agroecologia 

Segundo o censo agropecuário de 2017, cerca de 3,9 milhões de propriedades são classificadas como de agricultura familiar e empregam mais de 10 milhões de pessoas. 

Apesar dos números expressivos do agronegócio (não apenas os ligados aos pequenos produtores), a produção de alimentos no Brasil não é voltada para a alimentação em si, mas sim para a produção de commodities. 

E isso acaba prejudicando a população como um todo, não apenas as pessoas que vivem (e dependem financeiramente) no ambiente rural. 

Por outro lado, temos a inclusão produtiva dos pequenos produtores e agricultores. Que embora seja um tema norteado por iniciativas públicas, se encaixa perfeitamente na pauta da agroecologia. 

Segundo o Sebrae: “a inclusão produtiva busca gerar trabalho e renda de maneira estável e digna para as populações em situação de pobreza ou vulnerabilidade social. A ideia é facilitar a superação de processos crônicos de exclusão social, por meio do empreendedorismo e da empregabilidade”. 

E, no âmbito agrícola, a agroecologia ajuda a promover essa inclusão. A partir do momento em que valoriza o trabalhador rural, dando voz aos seus conhecimentos e proporcionando boas condições de trabalho para que possam continuar vivendo no campo.  

Mas, para que esse modelo ajude os pequenos produtores e os inclua produtivamente, é preciso pensar em uma escala de produção que sustente a sua atividade.

Além disso, é muito importante que essa produção seja escoada corretamente e chegue até o consumidor final – de preferência sem a necessidade de intermediários- e nesse sentido o associativismo ou cooperativismo podem ajudar. 

→ Englobando esses e outros aspectos a MJV, em parceria com o Pro-Natura, fez um trabalho de inclusão tecnológica na cadeia produtiva do açaí em Curralinho (município da região da Ilha do Marajó, no Pará). 

Você pode acompanhar todo o trabalho realizado em nosso mini documentário – Cadeia do açaí: uma janela para um mundo sustentável

Gostou do conteúdo? Caso queira aprender ainda mais sobre sustentabilidade e pautas relacionadas, baixe nosso ebook clicando no banner abaixo.

Voltar