Sem likes no Instagram, a internet se dividiu em dois lados: Os que acreditam não fazer mais sentido atuar como produtor de conteúdo na plataforma e os que agradecem a mudança em prol do bem-estar.

Desde o último anúncio na F8, conferência anual de desenvolvedores do Facebook que ocorre em São Francisco, na Califórnia, foi divulgado que o Instagram lançaria uma atualização para que a quantidade total de likes em fotos e vídeos se tornasse uma informação oculta para o público, exibindo-a apenas ao autor das postagens. 

A nova política, que entrou em vigor recentemente no Brasil e se encontra em fase de teste para a versão mobile, é considerada um marco para a rede social, que até então era movimentada pela quantidade dos famosos coraçõezinhos e tido por muitos como o seu principal fator de engajamento.

De acordo com a última pesquisa realizada pelo Panorama Mobile Time/Opinion Box, a rede social está em ascensão exponencial – e contando. O Brasil ocupa o terceiro lugar no rank mundial dos países mais conectados, tendo o aplicativo presente em 65% dos smartphones de internautas brasileiros, dentre criadores de conteúdo e usuários que utilizam a rede social apenas para entretenimento.

A cada novo update, um mesmo questionamento: Qual é a real motivação por trás desta novidade? Desde impulsionamento de conteúdo no feed, enfraquecimento no mercado de influenciadores, publicidade no stories à melhora de saúde mental. Entenda de vez o que o Instagram quer com o fim dos likes.

Como a mudança impacta Empresas & Criadores de Conteúdo?

Esse cenário nos recorda os jogos sociais que tiveram o seu momento na outra rede de Zuckerberg há anos atrás, como o FarmVille, também conhecido como ‘a fazendinha do Facebook’. Após o jogo deslanchar em vendas e lucrar milhões de euros dentro da plataforma, o Facebook lançou uma funcionalidade que possibilitava desativar as notificações de aplicativos dentro da rede social, o que resultou na adaptação de uma nova forma de consumir esses jogos sociais e, consequentemente, na ‘extinção’ do FarmVille, criação da companhia norte-americana Zynga.

O algoritmo do Instagram, que deverá seguir priorizando postagens por ordem de relevância (considerando ‘likes’ parte da sequência), demonstra que a mudança pode se tratar de mais um lançamento com fortes efeitos colaterais. 

Dessa vez, dedicado a chacoalhar o mercado de influenciadores, que funciona atualmente como uma economia paralela da plataforma e movimenta alguns milhares de dólares mundo afora. 

A verdade é que a recente mudança dos likes embaralhou as regras do jogo e possibilitou uma nova forma de enxergar o Instagram daqui para frente, além de mais investimento em anúncios veiculados em stories e mais impulsionamentos de postagens na galeria, especula-se que os processos de negociações entre micro influenciadores e marcas podem se tornar um pouco mais complexo do que como costumava ser. 

Marcas, atenção redobrada (!)

A simplicidade em comprovar engajamento será provavelmente comprometida, pois os perfis que utilizam robôs para automatizar as interações e adquirir seguidores fakes não serão mais facilmente identificados e, além disso, há a possibilidade de adulterar os números nos mídias kits de influenciadores ou nos números enviados por capturas de tela dos criadores de conteúdo. 

Assim como em toda e qualquer mudança, é necessário tempo para colocar as coisas em perspectiva e elaborar uma solução eficaz e transparente que mensure o retorno entre as parcerias. Por isso, as empresas precisarão lidar com o fato de encontrar outros indicadores de performance e os influenciadores investir em conteúdo de qualidade para que não percam o seu valor.

As métricas definidas são o ponto de partida para alcançar qualquer visão de sucesso. Por isso, elas precisam estar completamente claras para todos os envolvidos na operação e cem por cento alinhadas com o objetivo de negócio.

Novos KPIs a bordo:

É importante ressaltar que as estratégias de mídias digitais deverão ser repensadas e pautadas em alcance e visibilidade como o caminho para a conversão. Comentários, mensagens diretas e stories são uma grande prova de que o relacionamento com a audiência será o que há de mais poderoso daqui pra frente.

Gerenciar uma comunidade engajada e produzir conteúdo focado em relacionamento parece ser a grande chave para driblar todo o mistério das curtidas ocultas e emplacar com uma estratégia inteligente e escalável.

Outra tendência se aproximando é a busca pela construção da audiência em multicanais, não limitando a presença digital da marca ou criador em apenas uma única plataforma. Esta é uma tática que está sendo cada vez mais utilizada para potencializar conexão, alcance e distribuição de conteúdo. 

E o que muda para os usuários, afinal?

De acordo com estudos de neurocientistas da Universidade da Califórnia, receber likes pode ativar estímulos momentâneos de felicidade em nosso cérebro – podendo tornar a dinâmica da rede social um looping infinito atrás desta recompensa, que, em alguns casos, pode se tornar prejudicial à saúde mental. 

Em declaração junto ao lançamento da atualização, o Facebook afirmou que a razão da mudança foi pensada para que o comportamento dos usuários passassem a ser justamente menos focado em competir curtidas e mais em dividir a verdadeira essência do que se é publicado.

O fato é que independente de uma jogada por publicidade, redes sociais é sobre pessoas, não sobre apenas números. E as curtidas ocultas devem impactar positivamente na vida de quem convive com ansiedade, depressão e outros transtornos mentais.

Em um ambiente com menos senso de competição, a mudança na plataforma garante não se tratar do fim, mas sim de um recomeço. Onde a proposta é trazer à luz menos importância para números inconclusivos – que podem dar vida a métricas de vaidade – e mais destaque em valorizar a construção de relacionamento entre os usuários.

E aí, sem likes à mostra, qual será o impacto no seu dia a dia? Você já se sente afetado pelos reflexos desta mudança? Compartilha com a gente a sua visão e vamos juntos aguardar os próximos capítulos desta nova era.